“Fake news” preocupa o brasileiro, que vê também falta de democracia on line, revela Observatório FEBRABAN

As campanhas nacionais e internacionais de alerta e combate às fake news parecem estar surtindo efeito, provavelmente reforçadas na pandemia por temas como saúde, doença, vacina entre outros. Mais da metade dos internautas brasileiros se preocupam com as notícias falsas e checam conteúdos que leem, recebem ou compartilham na internet e nas redes sociais.

Essa é uma das principais revelações da quarta edição do Observatório FEBRABAN, #BrasilOnline, feita entre os dias 17 a 22 de setembro, com 3 mil internautas, acima de 16 anos, em todas as regiões do País. Nesta edição, o estudo voltou-se à parcela da população brasileira conectada à internet: hábitos de frequência, motivos do acesso, comportamento, expectativas de mudanças de comportamento pós-pandemia, atitudes quanto às fake news.

Ao analisar a relação do internauta com as fake News, o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE, ressalta que as mudanças de atitude são precedidas por mudanças de percepção, que nesse caso, já estariam em curso. “A conjuntura das eleições municipais desse ano será uma excelente oportunidade para checar o quanto essa conscientização sobre os males das fake news se transformará em comportamento efetivo”, diz Lavareda.

O estudo mostra ainda que o brasileiro considera a internet ainda um produto da elite. Dos ouvidos, 48% concordam que o acesso à internet se ampliou no Brasil e ajudou a democratizar o acesso a informações, conhecimento, lazer e serviços, mas a metade considera que “a internet no Brasil ainda é restrita a uma parcela da população, deixando de fora a maioria das pessoas mais pobres, dos idosos e outros”.

A importância dos influenciadores digitais nesse universo chama atenção. Entre os internautas brasileiros, 44% seguem algum tipo de digital influencer e entre aqueles entre 16 a 24 anos, esse percentual chega a 65%.

O levantamento confirma ainda tendências que vinham sendo identificadas por levantamentos em anos recentes, evidencia mudanças no período da pandemia e apresenta curiosidades. Quase 90% dos entrevistados declaram que não conseguiriam viver sem ou sentiriam muita falta da internet em suas vidas. O acesso à internet integrou-se definitivamente à “cesta básica” de produtos/serviços das famílias, como água e luz.

“A pandemia da Covid-19 deixou explícita essa importância da internet. As evidências são de que a pandemia deve acelerar o já intenso processo de digitalização da vida social. Confinados às suas casas durante semanas ou meses, mesmo os mais resistentes à tecnologia tiveram que migrar atividades cotidianas para a web, em maior ou menor medida”, avalia Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN.

O Observatório FEBRABAN, pesquisa FEBRABAN-IPESPE, é parte de uma série de medidas da FEBRABAN para ampliar a aproximação dos bancos com a população e a economia real, de forma cada vez mais transparente.

Abaixo, seguem os principais resultados do levantamento:

Preocupação com fake news

O internauta está desconfiado quanto aos conteúdos que circulam na web e inseguro quanto à proteção dos seus dados: 86% manifestam preocupação com fake news, em maior ou menor intensidade. A preocupação com notícias falsas cresce entre os que têm filhos entre 12 e 18 anos (92%). Nesse contexto, 90% afirmam checar notícias ou conteúdos que leem, recebem ou compartilham na internet e nas redes sociais para se prevenir. Esses cuidados se ampliam nos estratos mais altos de escolaridade e renda e diminui entre os de idade mais avançada.

Apesar dos avanços na segurança de dados e de informações, a maior parte dos internautas mostra-se insatisfeita com a atuação do poder público e das autoridades no combate às fake news na internet e nas redes sociais. Para 66%, não estão fazendo o suficiente.

Confiança dividida quanto a sites e blogs

A desconfiança quanto ao conteúdo noticioso é maior quanto ao WhatsApp: 24% confiam e 67% não confiam (esse último percentual sobe para 74% entre os mais jovens). Sobre notícias e informações divulgadas em sites e blogs da internet, os respondentes mostram-se divididos quanto à confiança: 44% confiam e 43% não confiam.

A desconfiança também existe sobre notícias e informações divulgadas nas redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter: apenas 30% confiam, contra 60% que não confiam.

Segurança sobre dados pessoais na internet

Sobre a segurança dos dados pessoais, as opiniões ficam divididas: 38% acham que suas informações pessoais estão mais seguras hoje do que há cinco anos, enquanto outros 38% pensam o oposto. Para 21%, o nível se segurança continua o mesmo.

A importância dos influenciadores digitais

Os influenciadores digitais são um dos fenômenos de identificação mais recentes do ambiente digital. Entre os internautas brasileiros, 44% seguem algum tipo de digital influencer. Porém, há um expressivo recorte geracional: para os que têm até 24 anos, 65% acompanham pelo menos um desses influenciadores. Do ponto de vista da influência efetiva dessas personas virtuais sobre comportamento e hábitos de consumo, os mais impactados são da faixa entre 25 e 44 anos: 66% reconhecem orientar-se pelas dicas dos digital influencers, contra 62% do total.

Mais internet depois da pandemia

Mais de um terço dos internautas espera aumentar suas atividades online (35%) no período pós-pandemia. Apenas 9% esperam diminui-las, e 55% acreditam que não haverá mudanças em seus hábitos digitais. No mundo pós-pandêmico, 66% dos brasileiros conectados esperam acessar a internet preferencialmente das suas casas. Um quinto (24%) aposta no acesso principalmente a partir do trabalho.

Internet para notícias, redes sociais e estudo

Mais de um quarto espera aumentar a frequência das seguintes atividades após a pandemia: 30% acompanhar notícias e informações (e 54% vão manter a frequência); 29% acessar as redes sociais (e 55% vão manter); 29% estudar, fazer cursos e ter aulas à distância (e 29% vão manter); 29% conversar e se relacionar com amigos e familiares através de vídeo (e 45% vão manter) e 28% trabalhar, fazer reuniões e outras atividades profissionais pela net (e 28% vão manter).

Dependência da internet

Os brasileiros conectados sentem-se muito dependentes da internet: 87% não viveriam sem ela ou sentiriam muito a sua falta – percentual que chega a 90% entre os nascidos depois dos anos 80. A sensação de dependência em relação à internet varia conforme escolaridade e rendimento, sendo maior entre os que têm nível superior (91%) e renda acima de 5 salários mínimos (94%). Para 80% dos entrevistados, o uso que fazem da internet traz mais benefícios que prejuízos.

Mais tempo na internet

Entre os entrevistados, 28% passam até 4 horas na rede; 36% passam de 5 a 8 horas; 34% chegam a passar mais de 8 horas conectados. A média de 7,9 horas diárias registrada fica acima da média mundial de 6,4 horas. Entre os internautas brasileiros de 16 a 24 anos, a média de horas diárias na internet e em redes sociais atinge 9 horas.

Internet no orçamento familiar

Quanto aos gastos, 64% dos brasileiros gastam até R﹩100 com internet por mês, demonstrando que é um item já incorporado ao orçamento doméstico. Os gastos com provimento de internet se mostram heterogêneos, o que sinaliza para a provável diversidade na qualidade do serviço. 30% gastam até 50 reais (41% no Nordeste); 34% gastam de 50 a 100 reais; 19% despendem de 100 a 150 reais; 10% gastam mais de 150 reais.

Internet é fundamental para o trabalho

No campo profissional, seis em cada dez (59%) entrevistados apontam a internet como fundamental para seu trabalho. Essa avaliação é ainda mais comum entre homens (62%); aqueles com 25 a 44 anos (66%); os que têm nível superior (63%); aqueles com renda acima de 5 SM (68%). Somam 18% os que avaliam que a internet é importante, mas poderiam trabalhar sem ela.

WhastApp é a rede favorita

Os aplicativos de redes sociais são os mais utilizados pelos brasileiros conectados (77% no total de menções). Em seguida, praticamente empatados vem os aplicativos de notícias, de bancos e de entretenimento (25%, 24% e 21%, respectivamente). O WhatsApp reina absoluto sobre outras redes ou plataformas acessadas: considerando o total de menções, 66% costumam acessar a internet principalmente para usá-lo. Sites em geral e o Instagram são mencionados por 26%. O Facebook vem na sequência, com 24%, seguido do Youtube, com 22%. Portais de notícias pontuam 19%. O Twitter se confirma como rede restrita, com apenas 2% das menções.

Internet aproximou as famílias

Alavancada pelo isolamento social imposto pela pandemia, a digitalização da sociabilidade chegou para ficar. Perto de dois terços (62%) dos internautas utilizam plataformas de conversas em vídeo para comunicação com familiares e amigos pelo menos uma vez por semana, sendo que 25% se utilizam desses recursos quase diariamente

Pais vigiam internet dos filhos

No Brasil cerca de 70% dos pais e mães preocupam-se com a possibilidade de seu filho: ser assediado ou intimidado (75%); compartilhar informações demais sobre a vida pessoal (73%); passar muito tempo diante das telas (73%); receber e enviar imagens inadequadas (70%); e perder habilidades sociais (67%). A preocupação anda de mãos dadas com a vigilância e o controle. Mais de dois terços afirmam exercer controle sobre as atividades online dos filhos (32% muito rígido e 37% algum controle), enquanto apenas 22% reconhecem a ausência de rotinas de controle. Metade deles (49%) afirma saber muito bem o que os filhos andam fazendo na internet, e quase 30% sabem mais ou menos. Apenas 15% se reconhecem alheios à vida virtual dos filhos (sabem pouco ou nada).

A íntegra do quarto levantamento Observatório FEBRABAN, pesquisa FEBRABAN-IPESPE pode ser acessada neste link .

Usuários concordam que o WhatsApp deveria encaminhar para a Justiça os dados de quem compartilha fake news

A mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box – Mensageria no Brasil revelou que 76% dos usuários de WhatsApp concordam que o aplicativo deveria encaminhar para a justiça os dados de quem compartilha fake news. Esta é a primeira vez que o tema “fake news” é abordado pela pesquisa, considerando que este ano haverá eleições municipais no Brasil e o assunto é merecedor de amplo debate na sociedade, incluindo tendo propostas no Congresso Nacional para regular a matéria, além de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que ainda terá resultados que poderão impactar o modo como o aplicativo de mensageria é utilizado e a maneira como o Facebook, dono do app, vai lidar com a situação. A pesquisa online foi realizada entre 7 e 28 de julho de 2020 e ouviu 2.046 brasileiros com mais de 16 anos de idade que acessam a Internet e possuem celular.

Outra descoberta é que a grande maioria dos brasileiros que usa o app, 88%, afirma que já recebeu notícias falsas. No grupo entre 30 e 49 anos que responderam a esta questão, esta opção é a escolhida por 91% dos entrevistados, enquanto na faixa dos mais velhos, de 50 anos ou mais, o percentual é de 81%.

Ao mesmo tempo, um em cada três brasileiros que usam o WhatsApp (33%) admite que já compartilhou notícias no mensageiro sem verificar se eram verdadeiras. Neste aspecto, a proporção cresce conforme a idade. Entre os mais jovens, de 16 a 29 anos, apenas 29% reconhecem ter feito isso. Na faixa de 30 a 49 anos, o percentual é de 34%. E entre aqueles com 50 anos ou mais o percentual é de 44%. Não há diferenças significativas por classe social, gênero ou região do País. “Aqui, é interessante notar a sinceridade de parte dos brasileiros em reconhecer que já espalhou notícias sem confirmar sua veracidade, ao mesmo tempo em que deseja a punição para quem faz isso”, comenta Fernando Paiva, editor do Mobile Time e coordenador da pesquisa.

Outras descobertas da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box – Mensageria no Brasil

Telegram está presente em 35% dos smartphones brasileiros e mantém crescimento. O aplicativo teve um aumento de 16 pontos percentuais em um ano e de 8 pontos percentuais em apenas seis meses. A popularidade do Telegram é maior entre homens (40%) que entre mulheres (31%). A diferença é ainda maior na análise por classe social. O Telegram é mais popular nas classes A e B (46%) do que nas classes C, D e E (33%). Por idade, sua penetração é maior no grupo de 30 a 49 anos (38%). Na faixa de 16 a 29 anos, 36% dos entrevistados possuem o Telegram instalado. E entre os mais velhos, com 50 anos ou mais, o percentual cai para 24%.

WhatsApp registra aumento em voz e vídeo – A proporção de usuários ativos mensais (MAUs, na sigla em inglês) do aplicativo que trocam vídeos pelo app passou de 67% para 76% em seis meses e a proporção entre os que realizam videochamadas subiu de 55% para 63%. Além disso, 29% dos MAUs do WhatsApp afirmam que fazem videochamadas pelo app todo dia ou quase todo dia. Entre os usuários que realizam videochamadas, a proporção subiu de 55% para 63%. Além disso, 29% dos MAUs do WhatsApp afirmam que fazem videochamadas pelo app todo dia ou quase todo dia. Segundo os organizadores da pesquisa, o crescente interesse do brasileiro por conteúdo em vídeo no aplicativo está possivelmente relacionado à quarentena decorrente do novo coronavírus.

Pagamentos via WhatsApp: cresce o interesse dos usuários – Dois em cada três usuários do app querem usar o WhatsApp Pay. Entre os pesquisados, 44% deles são clientes de um dos três bancos e querem experimentar o pagamento pelo app e outros 22% não são correntistas das referidas instituições mas desejam utilizar o serviço. Outros dados coletados pela pesquisa complementam a análise: atualmente, 78% dos usuários do WhatsApp no Brasil afirmam que se relacionam com marcas e empresas através do mensageiro. Em seis meses, subiu de 54% para 60% a proporção de MAUs do aplicativo que gostam de ideia de fazer compras com ele. Por outro lado, caiu de 61% para 55% o percentual que acha adequado receber promoções de marcas no WhatsApp.

SMS: cai frequência de envio de mensagens pelos consumidores – Ao passo que o WhatsApps se consolida como aplicativo de mensageria preferido dos usuários, a frequência de envio de SMS pelos brasileiros diminuiu ainda mais nos últimos seis meses. A proporção de internautas com celular que mandam “torpedos” todos os dias ou quase todo dia era de 24% em janeiro e agora está em 17%. O percentual que afirma nunca ou quase nunca escrever um SMS subiu de 45% para 57%, no mesmo intervalo. A frequência de recebimento de SMS continua alta e no mesmo patamar, indicando que o mercado de SMS A2P, como é conhecido o serviço de mensagens de texto enviadas por empresas para seus clientes, continua forte. A pesquisa não apurou alterações significativas em seis meses: 59% dos entrevistados declararam receber SMS todo dia ou quase todo dia e apenas 15% dizem que nunca ou quase nunca recebem.

Os organizadores da pesquisa esperam que haverá impacto do lançamento no Brasil do serviço de Rich Business Messaging (RBM), anunciado por Google e pelas quatro maiores operadoras do País (Claro, Oi, TIM e Vivo), sobre estes números. “Trata-se da evolução do SMS A2P, mas usando a tecnologia RCS, que permite envio de conteúdo multimídia. A novidade está disponível tanto para a troca de mensagens entre usuários finais como para envio de mensagens por empresas para suas bases de clientes”, comenta Fernando Paiva.

Outros números sobre o comportamento dos usuários brasileiros de smartphones no uso de serviços mensageria podem ser vistos ao baixar a pesquisa, produzida a partir de uma parceria entre o site de notícias Mobile Time e a empresa de soluções de pesquisas Opinion Box. Esta edição tem o oferecimento da Infobip. Para obter o estudo: http://panoramamobiletime.com.br/

Gilberto Campos - Mundo Digital