Do rádio ao streaming: estudo da Kantar IBOPE Media mostra tendências no meio

A nova edição do Inside Radio, estudo da Kantar IBOPE Media que traça o perfil do consumidor de rádio no Brasil, traz dados que demonstram as tendências para o áudio no país: 9% dos entrevistados ouvem rádio online e 16% acessam o meio quando estão navegando na internet. A análise identificou, também, as principais mudanças durante o período de isolamento social. 46% dos ouvintes de rádio entrevistados ouviram serviços de streaming de áudio durante a pandemia e 25% aumentaram esse consumo.

Os podcasts, formato muito utilizado entre as rádios para alcançar os ouvintes sob demanda, conquistaram 24% dos ouvintes durante o perído de distanciamento social, desses 7% ouviram podcast pela primeira vez e 10% aumentaram o consumo durante a pandemia. Nesse período, as lives ganharam escala e inundaram as redes, 75% dos entrevistados afirmaram terem começado a assistir lives de shows musicais a partir do início da quarentena. Deste público, mais da metade, 57%, são mulheres e 69% são millenials e geração X. As lives se revelaram uma grande oportunidade para as marcas. As pessoas se mostraram abertas para novas experiências de publicidade, 41% afirmaram que pagariam para assistir uma live e 82% se recordam das marcas anunciantes das lives que viram. Confira a íntegra do INSIDE Radio 2020 no site da Kantar IBOPE Media.

Gilberto Campos - Mundo Digital

Rádio amplia audiência e exerce papel fundamental durante a pandemia

O rádio ainda é uma das principais fontes de informação da população brasileira e teve papel fundamental durante a pandemia, especialmente pela sua credibilidade e utilidade pública. De acordo com dados divulgados pelo Kantar IBOPE Media, 77% dos entrevistados afirmaram que escutam a programação das emissoras de rádio durante o isolamento social. O papel do rádio e o crescimento da audiência nesse período foram tema do webinar Arena de Ideias, transmitido ontem pela In Press Oficina.

O bate-papo contou com as participações do jornalista da rádio CBN, escritor e palestrante, Milton Jung; do presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Flávio Lara Resende; do fundador e diretor-geral da Agência Radioweb, Paulo Gilvane Borges; e da sócia-diretora da In Press Oficina e especialista em gestão de crise e reputação, Patrícia Marins. A moderação do debate foi da diretora do núcleo de relacionamento com Poder Público da In Press Oficina, Fernanda Lambach.

“Tanto o rádio quanto a televisão tiveram aumentos expressivos de audiência nessa pandemia. O rádio foi absolutamente necessário. No momento em que nós mudamos as nossas vidas de forma definitiva, com toda a família em casa, o rádio passou a ter uma importância fundamental na informação”, afirmou Resende.

Jung ressalta que não foi apenas o rádio que teve crescimento durante a pandemia. A audiência em todas as mídias também subiu, alavancada pela credibilidade do jornalismo profissional. “Mais do que o rádio, todos os veículos de comunicação que praticam o jornalismo profissional tiveram uma audiência maior nesse momento. E isso talvez tenha sido a grande vitória que o jornalismo poderia ter. O jornalismo saiu fortalecido nesse processo”, disse.

Para Patrícia, esse crescimento se deu principalmente pelo caráter social do rádio, e veio para ficar. “O principal motivo na minha visão é a prestação de serviço. O rádio se consolida como esse veículo de massa. Não tenho dúvida nenhuma que a pandemia vai deixar esse aprendizado e vamos passar a valorizar ainda mais esse veículo que está nos locais mais longínquos do nosso país”, destacou.

O futuro do rádio e o papel dos podcasts

Ao longo dos anos, o surgimento de novas mídias e tecnologias sempre colocou o futuro do rádio em xeque. No entanto, o veículo consegue se reinventar e manter-se em evidência. “O rádio sempre soube se adaptar. Observamos que 20% dos brasileiros passaram a ouvir mais rádio durante a pandemia. O rádio é prestação de serviço e utilidade pública. Mesmo que surjam novas tecnologias, o rádio sempre vai encontrar uma forma de se adaptar”, pontuou Gilvane.

De olho no futuro, Jung é incisivo ao destacar o que vem pela frente para o principal veículo de comunicação em massa. “Tem uma frase que o Alberto Dines me disse, numa discussão que nós estávamos tempo quando falávamos do poder da internet: ‘o rádio é a mídia do futuro’”, afirma o jornalista.

Para ele, os podcasts são uma tecnologia nascida no veículo e que devem ser vistas como tal. “Sim, o podcast é um produto de rádio também. E o conhecimento que se desenvolve em rádio é um conhecimento que os podcasts precisam ter, independente de produzido pelo rádio, jornal, TV ou qualquer cidadão. Mas não substitui o rádio ao vivo”.