Denis Shirazi, CEO e Founder da 20DASH
Linkedin, Slack, Instagram, Twitter e Spotify são algumas das plataformas que já estão correndo atrás de recursos para integrar salas de voz inspiradas no modelo do Clubhouse. Essas plataformas, entre outras, têm expandido em suas últimas atualizações a possibilidade de conversas por áudio, seguindo a deixa do sucesso do Clubhouse. O aplicativo focado totalmente em levar o usuário a ficar imerso por horas em salas de bate-papo, interagindo em conversas por voz, chama atenção pela proposta inovadora. Além disso, também levantou debates logo quando surgiu no Brasil, acerca de seu propósito por conta da forma de ingresso, via convite, e acessibilidade, estando disponível apenas para o sistema iOS, até o momento.
“A minha primeira impressão como usuário [quanto ao Clubhouse] era de ter chegado a uma festa atrasado com várias rodas de pessoas em que entrava já com a conversa andando e sem saber muito o que tava acontecendo, sai para pegar um drink e olhar de fora como aquele ambiente se comporta e me organizar para participar do fuzuê”, comenta Denis Shirazi, CEO e Founder da 20DASH, startup que propõe e desenvolve soluções interativas e personalizadas de comunicação baseadas em tecnologia para grandes empresas.
A 20DASH é especializada em Realidade Aumentada (AR), sendo esse um de seus carros-chefes, além do desenvolvimento de Aplicativos, Realidade Virtual (VR) e Inteligência Artificial (AI). Os produtos desenvolvidos pela startup têm como foco a experiência do usuário atrelada a mensagem da campanha, de forma inteligente e divertida, fazendo com que as interações criadas nas plataformas mobile consigam garantir o entretenimento, a atenção e a compreensão clara da mensagem. A empresa já entregou soluções para algumas das mais importantes empresas nacionais e internacionais, como: Americanas, Via Varejo, Casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luiza, Pepsico, Burger King, Mars, Bradesco Seguros, Reebok Internacional, Adidas Internacional, entre outros. A startup também trabalha com o segmento de voz por meio de tecnologia para assistentes virtuais.
Para o especialista, esse caminho em direção a ausência de interface já está seguindo em ritmo acelerado e com aderência, tendo em vista a demanda já grande no Brasil pela linha Echo da Amazon ou Google Homes, entre outras, de caixinhas inteligentes com assistentes virtuais para casa. Uma pesquisa recente da consultoria de Data Science, Ilumeo, apontou um aumento de 47% no uso de serviços ou produtos com assistentes virtuais por voz no Brasil, entre os meses de março e julho de 2020. Segundo Denis, com a evolução tecnológica, com certeza, veremos um foco na criação de ações voltadas a estes produtos. “Seria bastante interessante ver o Clubhouse ou outro produto ser lançado primeiramente focado nas caixinhas de assistentes virtuais”, destaca ele.
Olhando para o passado, houve um progresso rápido na modernização e aperfeiçoamento de dispositivos tecnológicos, com destaque para os smartphones, que no final dos anos 2000 contavam com uma capacidade tecnológica ínfima perto do que se tem hoje. A tendência é que cada vez mais esse progresso seja mais rápido. Além disso, o Brasil é considerado um país estratégico para estudos e testes de novas funcionalidades, que muitas vezes são lançadas primeiro aqui pelas características e dimensões do país, que tem uma população com comportamento curioso a novas tecnologias arraigado na sua cultura.
De carona nos podcasts mas com uma nova proposta
Não é de hoje que a tecnologia tem apostado cada vez mais na voz como forma de ação digital, seja para a busca de informações, para compra de um produto ou na comunicação entre pessoas. A ideia é ganhar em agilidade e flexibilidade para integrar cada vez mais as tarefas do dia a dia. “É dispendioso ter que estar com seu celular sempre à mão para fazer qualquer atividade digital e a evolução tecnológica dos assistentes virtuais e suas caixinhas apontam para esse futuro vocal”, destaca Shirazi.
Mas há quem ainda estranhe a tendência e prefira o tradicional visor com imagens, seja dos amigos ou de produtos. Para o CEO e também desenvolvedor de apps, o Clubhouse aproveitou para uma ocupar um espaço ignorado pelos Podcasts. “Via podcasts, o consumo do conteúdo é de via única, com zero participação do ouvinte; sem deméritos ao formato e seu uso, o Clubhouse oferece uma opção de tornar esse conteúdo colaborativo, estabelecer conversas de mão dupla e abrir espaço para todos os usuários dividirem suas ideias sobre temas específicos”, analisa o CEO.
Na opinião dele, o app acertou em trilhar esse novo caminho, dando protagonismo ao usuário comum, seguindo como algo distinto dos podcasts e focando em um espaço aberto de conversas tende a vingar como um novo produto não concorrente de podcasts ou outras redes sociais.
Outro fato curioso que tem trazido ainda mais popularidade ao Clubhouse são seus usuários. Com menos de um ano de atuação, a rede já conta com 6 milhões de pessoas cadastradas, entre elas os executivos mais importantes do mundo. Com isso, a nova mídia social tem se mostrado uma poderosa ferramenta de networking. Algumas marcas já estão marcando presença por lá.
“Passando o Hype do momento, a rede pode sim se tornar algo grande – considero um ponto positivo a sua estratégia de crescimento via convite, algo que o falecido Orkut adotou e criou uma febre por convites à época”. Para o desenvolvedor, ainda há muito a se percorrer ainda nesse caminho da implementação completa dos comandos por áudio, mas a apresentação de uma rede social focada em voz, ainda que necessite do tal smartphone para funcionar, é um passo importante em direção a concretização dessa tendência.
Marcas e empresas têm um novo ambiente para explorar
Hoje, depois de alguns anos, a maioria das marcas e empresas já conseguiram se inserir e galgar seu espaço no ambiente digital. A pandemia também foi um fator responsável por acelerar essa transformação digital em empresas que ainda relutavam para aderir às novas tecnologias.
“Utilizamos a forma de texto e interações ‘clicáveis’ no ambiente digital até hoje, pois assim a tecnologia era capaz de suportar e compreender nossas ações; mas, no nosso dia a dia e relações sociais, ela é toda feita por meio da voz e isso não se resume apenas a comprar produtos, isso se aplica a todo e qualquer sistema digital. E o mesmo acontecerá em breve com tudo ao nosso redor: clientes, colaboradores, fornecedores, parceiros”, explica Shirazi.
Nesse novo sistema, caberá às empresas traçar estratégias com ações funcionais nos assistentes virtuais para não perder clientes e se manter relevante com o passar do tempo.