O ano de 2020 mudou a vida das pessoas em vários âmbitos. Alterou a economia, saúde, formas de trabalho, diversão e também as maneiras de fazer negócio – mais especificamente: de vender produtos. Por conta do isolamento social, as lojas físicas fecharam – algumas continuam sem abrir as portas – e a internet se firmou ainda mais como um importante canal de divulgação para diversos tipos de produtos.
O varejo acompanhou essa transformação digital, inserindo uma nova tendência na forma de vender e de atrair consumidores: o Live Stream Shopping (LSS). O evento faz apresentação de produtos ao vivo pela internet de forma a permitir que o comprador tenha uma experiência bem mais próxima de uma loja física, incluindo a possibilidade de comentar e fazer perguntas durante a live.
Desta maneira, qualquer consumidor que acesse a LSS, consegue ver os produtos – roupas, calçados, maquiagens, joias, entre outros – que estão disponíveis em tempo real na loja, além de, muitas vezes, conseguir comprar na mesma tela.
A China é o país que tem o maior mercado de Live streaming em todo o mundo e uma das maiores lojas online chinesa é a Taobao Marketplace da Alibaba, que em 2020 aumentou as vendas em mais de oito vezes em apenas um mês – de janeiro a fevereiro, enquanto as transações cresceram mais de 160% ano a ano em março. Apesar da novidade ganhar força este ano, desde 2018, a China vem usando a técnica de vendas para engajar consumidores e lucrar.
Segundo dados da chinesa Aliexpress, o LSS commerce já movimenta US$ 157 bilhões pelo mundo. Somente na China, este novo mercado gerou impressionantes 1,7 milhão de empregos em cargos de tecnologia e intermediadores das compras. Já no Brasil, as vendas ao vivo iniciaram e ganharam força neste período de quarentena e isolamento social. Com isso, não apenas grandes marcas, mas também pequenos e médios empreendedores, venderam os produtos por meio de Live streaming.
A especialista em inteligência de mercado e CEO da Wish International, Natasha Caiado de Castro, conta que a tendência veio para ficar, já que permite impactar, em tempo real, consumidores de vários lugares do mundo, o que a loja física não atende.
“A tendência de venda é um caminho sem volta e uma ótima alternativa para as empresas, já que conquista e engaja o público de diversas regiões do país e do mundo e, assim, abrange consumidores que, muitas vezes, que não teriam conhecimento do produto de outra forma a não ser através da Live Streaming Shop. Por isso, analisando o mercado, acredito que a inovação não ficará restrita a grandes marketplaces, mas também a pequenos negócios”, analisa.
Em ação
Um dos motivos do sucesso é que a divulgação não demanda muito investimento financeiro – só é preciso um bom smartphone e boa conexão à internet – o que traz retorno tanto financeiro com o aumento da demanda, quanto maior engajamento do público com a marca. Além disso, o Live streaming shop integra três tendências digitais: redes sociais, marketing digital e e-commerce. Tudo em apenas um lugar.
A partir disso, a divulgação da live pode ser feita por meio de redes sociais que realizam transmissões ao vivo, ou também via plataformas online de marketplaces. Para isso, é necessário fazer inscrição no site e depois começar a transmitir os produtos ao vivo com o smartphone ou tablet. Já os usuários têm a opção de escolherem os produtos específicos que desejam ver e também é possível agendar lives futuras. Durante as transmissões, o usuário consegue comentar, ver possíveis promoções em tempo real, além de comprar diretamente na mesma tela da Live. Tais plataformas já estão disponíveis nos Estados Unidos como também na América Latina, incluindo o Brasil.
A experiência do consumidor está cada vez mais digital e é essencial as marcas seguirem as tendências para que não percam oportunidades de vendas. “O Live streaming shop já vinha ganhando espaço e a pandemia apenas acelerou a novidade em todo o mundo. Com isso, a experiência do usuário vai se tornar cada vez mais digital. Além de compras online, a tendência do marketing 4.0 também permite que clientes possam até mesmo provar os produtos – como roupas e calçados – de forma totalmente online, inovando e transformando as experiências e com isso, dispensando os ambientes físicos”, finaliza a especialista.