O mercado, que deve movimentar R$ 10 bilhões em 2021, virtualiza a tática do boca a boca e dá mais voz às pessoas reais em campanhas publicitárias
O marketing de influência não é uma estratégia nova, mas ganhou contornos diferentes nos últimos anos, sobretudo em 2020. Associar a imagem de uma marca a uma personalidade, a fim de gerar visibilidade, já era uma prática corriqueira e se popularizou com as celebridades criadas nas redes sociais, os chamados influencers. Fato é que, no ano passado e em meio a uma pandemia, vimos surgir a ‘fadiga influencer’, já prevista e muito debatida, e pudemos acompanhar casos desastrosos que nos levam a crer que influenciar pessoas não é uma tarefa simples e que nem todos conseguem cumprir com a proposta.
“As marcas precisaram reavaliar suas estratégias para desassociar a imagem das repercussões negativas, já que o consumidor está cada vez mais atento, cobrando por posicionamentos e buscando uma identificação mais real com aquele porta-voz”, explica Joel Amorim, diretor da The Insiders, empresa de mídia digital que conecta marcas com ‘influenciadores reais’, ou seja, consumidores. O negócio, que já sentia uma crescente procura nos últimos anos, registrou, entre março e dezembro de 2020, período da pandemia, um crescimento de 32% e, apenas no segundo semestre, 60%.
Focado no ‘online conversation’, a empresa belga que chegou ao Brasil em 2013, entendeu rapidamente que ouvir as dores das empresas e personalizar o serviço é essencial para o retorno desejado. Com uma base de mais de 3 milhões de pessoas cadastradas, faz a ‘ponte’ entre as marcas e consumidores, selecionando os perfis ideais para cada campanha e enviando gratuitamente os produtos para serem testados. A resposta são posts muito mais qualificados e engajados, tendo como contrapartida o retorno em vendas para os clientes, já que a busca pela inscrição parte dos próprios consumidores.
Pode até soar, aos ouvidos dos mais desavisados, que essa estratégia não tem fundamento, mas não faltam pesquisas que indicam que quanto mais estreita a relação entre internauta e influenciador, maior a confiança nas recomendações pessoais e resenhas online. Já em 2016, uma pesquisa da PwC apontou que 80% dos consumidores tendem a comprar um item com base nas sugestões de amigos, já que a relação de proximidade é fundamental para a decisão de compra.
São pessoas comuns e reais, que construíram um sólido número de seguidores, que podem se cadastrar na plataforma da The Insiders e se colocarem à disposição para receber os produtos em casa, testarem e compartilharem suas impressões nas redes sociais, de forma totalmente autoral e sem remuneração. “O momento é de construir relações maduras e confiáveis entre os consumidores e a marca, criando verdadeiros embaixadores. Nós vendemos o que não é possível comprar com dinheiro: credibilidade”, comenta Amorim, que tem perspectiva de crescer outros 60% este ano.
Se a estratégia é boa para quem procura por resultados efetivos, soma-se a essa conta o valor de investimento na empresa de mídia digital que pode chegar a ser até quatro vezes menor do que apostar em uma única ação com um macroinfluenciador, aquele que ultrapassa os cem mil seguidores. A estratégia de marketing com o uso de pessoas reais e influentes é, sem dúvida, bastante assertiva e pode potencializar o reconhecimento de marca e aumentar as vendas acelerando processos em que, no final, os dois elos se favorecem. É, nesse caso, a transformação digital por meio de ações que unem expertise com ganhos financeiros.