Na pandemia, streaming supera TV fechada, mostra pesquisa da QualiBest

As plataformas de streaming de vídeo por assinatura desbancaram, enfim, os canais fechados de televisão. É o que mostra uma pesquisa inédita do QualiBest sobre a concorrência entre telas no país  66% dos entrevistados dizem pagar por serviços como Netflix ou Amazon Prime, por exemplo, enquanto 40% afirmam ter canais a cabo à disposição em casa. 


A disparidade é mais gritante na classe B, em que três quartos (75%) dos ouvidos dizem pagar por plataformas de streaming de vídeo, enquanto apenas 44% possuem TV por assinatura – uma diferença de 31 pontos percentuais. Ela é menor, por outro lado, entre a classe A, em que 71% contam com canais fechados e 87% assinam streamings. Os números se explicam, neste caso, pela forte tendência que as pessoas neste estrato seguem em contratar os dois serviços ao mesmo tempo. 


Na classe C, a diferença também é grande: 52% dos entrevistados assinam plataformas de streaming de vídeo e 27% deles pagam por canais fechados – diferença de 25 pontos percentuais. 


Os dados fazem parte da pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest entre dezembro de 2020 e março deste ano com 6.538 internautas de todas as faixas etárias, classes sociais e regiões do Brasil. Além disso, o instituto ainda levou em conta a composição dos lares e, principalmente, o acesso dos entrevistados à Internet. Eles compõem uma base de mais de 250 mil painelistas que participam usualmente de estudos de mercado elaborados pelo QualiBest. A margem de erro da pesquisa é de 1 p.p com nível de confiança de 95%. 


Mais do que na dianteira da TV por assinatura, as plataformas de streaming parecem estar promovendo transformações significativas no mercado de telas: mais de um terço dos entrevistados (37%) disseram que, embora já tenham assinado canais fechados no passado, não contam com o serviço atualmente – ou seja, resolveram cancelá-lo. Além disso, levando em conta aqueles que mantiveram sua assinatura de canais, 24% reduziram o plano que possuíam no último ano. 


“A pesquisa aponta para um fenômeno fundamental que estamos vivendo hoje, em que o consumidor está claramente mais disposto a pagar por um serviço de streaming do que por uma assinatura de TV – e por vários motivos: além de serem multitelas, as plataformas oferecem uma flexibilidade de assistir filmes e séries muito maior do que a televisão. Essa é uma vantagem fundamental que elas possuem e que, por isso, devem mantê-las na frente da concorrência por muito tempo”, analisa Daniela Malouf, diretora geral do Instituto QualiBest. 


Smartphones como meio preferido Os dados corroboram a análise: 75% dos ouvidos na pesquisa afirmam que preferem plataformas de streaming de vídeo porque podem usá-las em vários dispositivos. Mais do que isso, quase a totalidade dos entrevistados (81%) usam o serviço justamente pelo smartphone, onde a TV paga tem pouca penetração. Em um país em que já há mais de um celular por habitante, essa realidade faz toda a diferença na composição do mercado de vídeo. 

Muito por isso, 74% contam preferir streamings em relação à TV porque, com eles, podem acessar seus filmes e séries preferidos em qualquer lugar e a qualquer hora, em dispositivos também móveis, como smartphones e tablets. 
O fenômeno também deve ser analisado à luz da crise da covid-19. Em outro estudo feito pelo QualiBest no primeiro semestre de 2020, já era possível visualizar um aumento da demanda das pessoas por plataformas de streaming – à época, o serviço mais procurado da quarentena (42% dos entrevistados diziam ter intenção de assinar). 


Chegada da Disney+ acirra briga entre plataformas Apesar de nadar de braçadas na concorrência, a Netflix terá que brigar cada vez mais para manter seu posto, mostra a pesquisa do QualiBest. Hoje, sete em cada dez (71%) dos entrevistados que são usuários de plataformas de streaming de vídeo assinam o serviço da empresa estadunidense. São 38 pontos percentuais a mais do que a segunda colocada, a Amazon Prime (33%). 


Chama atenção, no entanto, que a Disney+, que chegou ao Brasil em novembro do ano passado, já tenha 20% de usuários dentre os ouvidos na pesquisa – quase o mesmo patamar da Globoplay (22%), que já opera há seis anos. 
O crescimento da plataforma da Disney também se vê na rápida adesão que ela teve desde seu lançamento: é a que registra o maior número de novos usuários (76% dos ouvidos assinaram a plataforma nos últimos seis meses). Nesse quesito, aliás, a Netflix é que segura a lanterna – 30% dos entrevistados passaram a pagar a Globoplay, 26% a Amazon Prime, 20% a Telecine Play e apenas 10% a Netflix. 


“É comum, em qualquer mercado, que a concorrência encontre um equilíbrio maior com o tempo. Nossos números sugerem que isso está começando a acontecer entre as plataformas de streaming, após anos de domínio da Netflix”, analisa Daniela Malouf. 


Veja o infográfico com os dados do estudo.